Análise » Beira-Mar - Benfica (2-2)

A vontade de escrever sobre este jogo não é muita, mas cá vai. Primeiros 15 minutos o Benfica foi completamente vilipendiado em todas as iniciativas atacantes através de um juiz de linha que consegue em pouco tempo assinalar 3 foras de jogo inexistentes, um dos quais daria golo logo nos minutos iniciais e obviamente qualquer pessoa que saiba minimamente de futebol entenderá que a história do jogo seria logo diferente, perante uma equipa que passou a maior parte do tempo com 11 atrás da linha do meio campo. Logo após o golo anulado, comentei que são por "pormenores" como aquele que muita das vezes se decidem campeonatos e resultados. Infelizmente foi mais um caso, enquanto os adversários directos marcam golos em posição irregular, outros são privados da legalidade dos mesmos. É interessante também ouvir comentadores de tv, que exaltam quando as equipas adversárias se aproximam da baliza do Benfica. A falta de isenção e clubite é para quem vê o jogo em casa sentado no sofá ou quem paga bilhete para a bancada. Enfim, não entendo também como num universo enorme de benfiquistas neste país, haja tanta percentagem de lagartagem nos comentadores desportivos. Aprecio sempre o silêncio de alguns quando após as repetições se deparam com as asneiras da análise do momento após o lance perante um universo de telespectadores. Sempre ouvi dizer que admitir o erro era uma prova de honestidade e isenção... já nem falo daqueles que insistem no erro após o visionamento, pois esses sofrem de coisas piores...
Bem, voltando ao jogo, e face ainda à ausência de Luisão, temia nos contra ataques do Beira-Mar 2 jogadores em particular: O extremo Nélson e o avançado Anderson. Dois jogadores muito perigosos que complicam muito o trabalho defensivo.
Perante o domínio avassalador do Benfica, e quando que se esperava o golo do Benfica, eis que num contra ataque, esses mesmos 2 jogadores perigosos tem uma intervenção bastante interessante que acaba por dar golo por intermédio de Ratinho.
As bancadas em Aveiro que estavam como nunca cheias para o campeonato, na maioria por benfiquistas não queriam acreditar que num domínio tão grande, a sua equipa acabasse por sofrer um golo no único remate à baliza do adversário. A equipa do Benfica tentou reagir, mas uns inexistentes Karagounis, Katsouranis, Nuno Gomes e Miccoli, só Simão, Leo e Petit pareciam ser os mais esclarecidos. O intervalo chegou com um forte sentimento de injustiça no resultado apesar de após sofrer o golo, o Benfica esteve demasiado lento e sem muitas ideias para marcar ao último adversário, mas ainda assim dominava o jogo perante um adversário excessivamente faltoso.
A 2ª parte iniciou-se com a entrada de Rui Costa para o lugar de Karagounis. O Benfica continuou a procurar o golo do empate com jogadas pelo lado esquerdo com Simão e Leo a entenderem-se, mas faltava alguém no meio para concluir e Simão não estava num dia de muito acerto nos remates. Mas o domínio no jogo e assalto à baliza do Beira-Mar intensificou-se ainda mais. Derlei entrou para o lugar do central do Benfica Anderson, eu que pensava que ele jogava na equipa de Aveiro. Mais uma vez veio mostrar que é uma péssima aposta. Aos 80 minutos, finalmente, Fernando Santos resolveu apostar em Mantorras, e para variar o Angolano numa das primeiras intervenções que teve faz mesmo golo. Não sei qual foi o sentimento mais forte no momento, se foi a alegria pelo golo ou pela raiva a Fernando Santos por mais uma vez ter uma prova viva de que o angolano é superior a um Nulo Gomes e a um Derlei, mesmo "coxo" como têm a mania de o apelidar.
Faltavam ainda 7 minutos para acabar o jogo e a equipa do Benfica parecia ainda acreditar que era possível vencer. E continuou a bombardear a área do Beira-Mar, mas num contra-ataque, mais uma vez pelo lado direito da defesa do Benfica, tal como tinha acontecido no 3º golo do Espanhol em Barcelona, o cruzamento sai sem oposição e Delibasic cabeceia sem qualquer tipo de marcação e perante uma passividade de Quim no cruzamento que está também mal colocado perante um cruzamento. Injusto para os adeptos e para quem trabalhava para vencer, mas um castigo merecido para quem não tem competência e para a falta de categoria de alguns.
Miccoli tem uma oportunidade logo de seguida para empatar, mas estava em noite não e o remate sai fraco. Simão já nos minutos sofre penalty derrubado pelo lateral direito do Beira-Mar que inexplicavelmente não leva cartão amarelo e consequente expulsão. O próprio Simão marca o penalty e faz o empate. Ainda assim, com alguns minutos de desconto, fiquei com a sensação que no último lance do encontro, Miccoli podia ter feito mais no cruzamento, mas ontem decididamente não era uma noite de Miccoli. Denota-se um cansaço evidente neste plantel mal gerido por um treinador que não sabe utilizar as restantes armas que possui.

Análise individual

Quim - mais uma vez não me parece que Quim estivesse muito seguro e mais uma vez dá a sensação que os cruzamentos são o seu calcanhar de Aquiles. Após o regresso da curta lesão, o 12 não tem evidenciado a mesma qualidade de antes.
Nélson - mais uma exibição sofrível a roçar o péssimo. Os 2 golos surgem de cruzamentos na sua área de jurisdição. Continua também a deliciar-nos com cruzamentos perfeitos directamente para fora. Porque não colocar o jovem Pedro Correia????!??
Anderson - recuso-me a falar deste jogador, pois fico sempre com a sensação que ele joga pelos outros...
David Luiz - quando tiver ao seu lado um companheiro com a mínima qualidade, terá com certeza mais serenidade para resolver alguns lances, mas quando se joga sozinho e complicado ter forças para apagar os fogos todos.
Leo - subiu de rendimento em relação aos últimos jogos, não fez um jogo deslumbrante, mas esteve sempre bem em ambas as partes. Tem uma jogada brilhante em que oferece o golo a Simão, que acaba por falhar.
Petit - é um daqueles que tem tido uma época fantástica e ontem fez mais uma exibição regular, mas já se nota que não tem a mesma força física. Está desgastado.
Katsouranis - aquele que foi considerado por enorme margem como o melhor reforço entre os 3 grandes, está em queda acentuada. Muito mal fisicamente. Nem o descanso que teve por ter apenas jogado a 1ª parte contra o Porto e ter ficado de fora por castigo fez com que se apresenta-se com melhores índices. Acaba o jogo a central.
Karagounis - esteve muito discreto e muito pouco interventivo do que lhe é habitual. Saiu ao intervalo, mas penso que a opção devia ter antes caído em Katsouranis, pois já com o Espanhol também esteve apagado, mas subiu de rendimento quando teve Rui Costa ao seu lado na 2ª parte.
Simão - foi um jogador que só falhou no último passe ou remate, sempre muito rápido e interventivo e perigoso nas diagonais da linha para dentro. Acaba por sofrer e marcar o penalty do empate, mas ficou ontem mais do que demonstrado que é de uma galáxia superior do que a dos restantes companheiros.
Miccoli - infelizmente o italiano neste final de época não tem conseguido demonstrar em campo a sua categoria, que deu sinais de vida no jogo com o Espanhol. Falhou golos e perdeu bolas que não estamos habituados a ver acontecer.
Nuno Gomes - ainda mal tinha começado o jogo e estava já a marcar de forma limpa um golo que injustamente não foi considerado. Passou o restante jogo a tentar sem resultados fugir às marcações, mas para variar, apenas conseguiu alcançar mais uma fraca exibição, acabando por dar o lugar a Mantorras, e no meu entender, demasiado tarde.
Rui Costa - entrou ao intervalo com o objectivo de voltar a ser o impulsionador de confiança e qualidade que tinha dado com o Porto e Espanhol. Mas não teve os mesmos resultados, e penso que por falta de Karagounis, pois Katsouranis não tem a mesma imaginação do que o compatriota para poder entender o futebol de Rui Costa. Ainda assim teve alguns remates perigosos fora de área.
Derlei - entrou a substituir o companheiro do Beira-Mar, Anderson. Troca de avançado por um defesa aveirense. Esteve em particular destaque no travão que colocou nos ataques do Benfica.
Mantorras- a garra e a alegria de jogar pelo Benfica é um exemplo vivo no angolano. Mais uma vez, apesar de passar temporadas imensas sem jogar, entra sempre com o mesmo espírito de jogar e ajudar, e de tentar resolver. Um golo cheio de intenção e uma chapada para quem dele duvida. Gostava muito de saber quais são as razões pelas quais Fernando Santos não o põe a jogar. Algo me diz que são vergonhosas.

Fernando Santos - está nesta fase da época a começar a tirar os dividendos da sua má gestão e incapacidade de gerir um plantel durante uma época. Equipa cansada e sem soluções. Também há culpas da direcção por ter vendido e dispensado Ricardo Rocha e Alcides e deixado ficar um tal de Anderson. A não alternativa para lateral direito também é um erro crasso.
O treinador do Benfica continua a dar confiança a um jogador que não tem dado nada de positivo à equipa, como é o caso de Derlei. E deixa no banco Manu, para colocar antes Derlei na posição que o extremo português ocupa.
Fernando Santos em uma semana praticamente condicionou todas as hipóteses de vencer alguma coisa esta época, muito bem secundado por um tal nº3... e uma pitada de um 22... O 27 é uma nódoa já mais que esperada.
Ontem acabou a luta pelo 1º lugar, e vai começar a pressão para segurar o 2º. Não são 3 pontos que nos separam do 1º lugar, mas sim 4, pois a igualdade pontual não será mais nada do que não isso. A desvantagem nos confrontos directos assim dita que ficaremos sempre atrás.