Análise » Benfica-Porto (1-1)

Jogo importantíssimo para as aspirações das duas equipas que estavam separadas apenas por 1 ponto, com vantagem para o Porto. Esperava uma atitude diferente da equipa do Benfica, que foi dominado e controlado quase durante toda a 1ª parte pela equipa nortenha. Obviamente que não estava à espera de um assalto avassalador à baliza de Helton como o Benfica nos tem habituado nos jogos na Luz, mas esperava um jogo mais repartido com alguma superioridade da equipa da casa e a quem mais interessava vencer e com a ajuda dos mais de 60.000 adeptos benfiquistas que preenchiam a quase totalidade das bancadas, criando o "Inferno da Luz".
Mas foi o Porto que entrou melhor no jogo e assim se manteve em praticamente durante toda a 1ª parte do encontro. Não foi um domínio avassalador, nem de ataques contínuos, mas um domínio de meio-campo onde trocaram bem a bola e mantendo a mesma longe da sua baliza. O 1ª lance de maior perigo surgiu com um excelente passe de Lucho para Adriano, que tentou contornar Quim, mas o guarda redes demonstrou excelentes reflexos e tirou a bola do pé de Adriano que já efectuava o movimento de remate à baliza. De resto, poucas foram as oportunidades de ambas as equipas, excepto um livre em cima da área marcado por Petit, que na recarga do mesmo fez a bola passar perto do poste da baliza e também num remate de longe de Karagounis. Nos momentos finais da 1ª parte num livre junto à linha, após a repetição do mesmo pelos habituais agarrões dentro de área, Anderson deixa fugir Pepe que ao 2º poste de cabeça bate Quim que não está completamente isento de culpas, já que o cruzamento sai perto da baliza. Um golo no momento importante da partida quando já se esperava pelo intervalo e onde com algumas alterações se esperava um Benfica diferente à procura da vitória com mais discernimento e acerto. Mas o golo do Porto veio castigar a péssima 1ª parte do Benfica. O jogo foi para o intervalo e as minhas esperanças na vitória eram praticamente nulas. Simão que é o jogador mais influente no jogo encarnado não estava "presente" no jogo e isso normalmente determina o êxito da equipa. Tinha esperança no empate, que era o menos maus após o péssimo desempenho nos 45 minutos. Fiquei igualmente desiludido com Miccoli, do qual disse antes do começo que iria ser a sua noite. E a 2ª parte infelizmente veio confirmar ainda mais que estava enganado no feeling...
O desalento era tanto ao intervalo, que nem sequer pensei nas possíveis alterações que Fernando Santos poderia fazer para mudar o rumo dos acontecimentos. Mas pelo menos 2 jogadores marcaram o jogo pela negativa. Um, já contava com isso e daí provinha o meu maior medo, que era Anderson. O central não tem qualidade para envergar aquela camisola e já foi responsável por uma boa quantidade de golos sofridos esta época (lembram-se do golo do Saha?...) Luisão recupera depressa...
O outro que esteve mais ausente como nunca foi Katsouranis... Os seus índices físicos vieram ainda mais para baixo após os 2 jogos na selecção.
Mas o desalento terminou logo assim que dei conta que Rui Costa iria entrar, e a entrada do Maestro logo me deu nova esperança. Vi finalmente Fernando Santos efectuar uma alteração quando era necessário. A 2ª parte foi de um domínio inequívoco do Benfica que mudou do dia para a noite na sua atitude perante o jogo. Simão apareceu, Rui Costa comandou e Karagounis deu continuidade à já boa 1ª parte do grego. Leo subiu também de rendimento e Nélson nunca deu hipóteses de Quaresma brilhar nem de tentar as trivelas. David Luiz esteve sempre muito bem a defender, com alguns excessos nas disputas de bola pelo ar mas demonstrando qualidade, garra e rapidez que Anderson nunca terá. Nuno Gomes e Miccoli é que não apareciam no jogo e quando o italiano teve a oportunidade de facturar falhou clamorosamente. O Porto passou rapidamente a uma equipa vulgar, apenas defendia e não passava do meio-campo empurrado pelo ataque do Benfica à baliza, procurado o golo da igualdade. Infelizmente os cruzamentos de Simão, Nélson e Rui Costa não chegavam aos avançados. Mas a equipa não desistia e apoiada sempre pelo público tentava pelo menos chegar ao empate. Até que num livre batido por Simão, David Luiz desvia a bola, que embate no poste e no retorno encontra o peito de Lucho que faz um auto-golo impossível de evitar. Azar tripeiro, mas justiça no resultado por um golo já há muito merecido. Faltavam poucos minutos para os 90 e pelo tónico do golo que fez incendiar as bancadas e acreditar que ainda era possível vencer, e também com a troca dos avançados, fazendo entrar Derlei para o lugar de Nuno Gomes ainda antes do golo e Mantorras para o de Miccoli já com o empate, o Benfica continuo a bombardear a baliza de Helton. Destaco 2 excelentes oportunidades, a 1ª num excelente gesto técnico de Mantorras num remate de cabeça para uma enorme defesa de Helton que se tem dado golo tinha feito do angolano mais uma vez um verdadeiro Mito. A 2ª oportunidade foi também num bom gesto técnico de Derlei num remate à meia-volta onde mais uma vez Helton respondeu com uma excelente defesa segurando o empate para a sua equipa. O jogo acaba por terminar, ainda com uma oportunidade para o Porto com Renteria a demonstrar que é um jogador muito fraco.
O jogo termina para felicidade do Porto que passou principalmente os últimos 15 minutos confinados à sua grande área. A divisão de pontos deixa tudo na mesma e em aberto com vantagem pontual de um ponto que acaba por serem 2 visto que a vitória(3-2) do Porto no Dragão lhes dá vantagem em caso de igualdade pontual. Mas ainda faltam 7 jogos ou seja 21 pontos em disputa. Se o Benfica conseguir manter uma regularidade até ao final do campeonato com vitórias(acho difícil), basta um empate do Porto que tem à partida como deslocações mais complicadas, Bessa e Mata Real..
Relativamente à arbitragem não me parece que haja muito a dizer, de uma maneira geral foi positiva. Não houve casos polémicos e os erros que teve foram naturais sem grandes prejuízos. Incrível é como é que deixou actuar o anti-jogo no lance da lesão de Raul Meireles. O jogo esteve parado 3 minutos e ainda queriam fazer a substituição quando entenderam sem sequer levantar a placa.

Análise individual:
Quim - regresso à titularidade do nº1 para Fernando Santos. Esteve muito bem no lance em que rouba a bola a Adriano, mas fico com a sensação que podia ter feito mais no golo sofrido. Não me recordo que tenha feito mais nenhuma defesa, e mesmo assim há por aí uns iluminados tripeiros que acharam o resultado injusto.
Nélson - para mim fez o melhor jogo desta época, pois lhe calhou ter um dos melhores jogadores deste campeonato pela frente. Não deu grandes chances a Quaresma e ainda deu para se aventurar algumas vezes na frente.
Anderson - continua a dar-me mil e uma razões para chamar-lhe nomes durante os jogos. É o principal culpado no golo sofrido... onde é q já vi este filme? várias vezes...
David Luiz - o puto tem classe e determinação. Razões suficientes para ser o futuro parceiro de Luisão aquando o seu regresso à equipa que tanta falta fez ontem. Não tenho dúvidas que será a melhor dupla de centrais a actuar em Portugal. O jovem central acaba por ter pelo menos metade da responsabilidade no golo da sua equipa no desvio que faz ao poste e penso mesmo que merecia que tivesse entrado directamente.
Leo - discreto na 1ª parte. Não está na forma que nos habituou, mas mesmo assim tem imensa qualidade e subiu de rendimento na 2ª parte aquando teve no flanco Simão e por vezes Rui Costa, com boas triangulações com os colegas.
Petit - apagado na 1ª parte pelos adversários contrários, mas aparece a bom nível no final da 2ª, principalmente após a saída de Raul Meireles. Esteve perto do golo na recarga do livre ainda na 1ª parte.
Katsouranis - apagado e sem qualquer influência positiva ou negativa, pois nem se deu por ele. Muito longe da forma em que se encontrava na 1ª volta.
Karagounis - para mim o melhor em campo. Pois esteve sempre muito esclarecido quer no ataque quer a defender. O único jogador que conseguiu transportar a bola na 1ª parte e acaba por ter um excelente remate como prova do seu inconformiesmo antes do final dos 45 minutos num forte remate que Helton só conseguiu desviar para canto. É ele que faz a excelente jogada junto à linha e coloca a bola na cabeça de Mantorras.
Simão - onde esteve na 1ª parte o Simão que tem estado sempre em enorme plano nos últimos meses? Não tenho dúvidas que esteve aí a estratégia de Jesualdo. E deu melhores resultados que a anulação de Quaresma, pois ainda restava Lucho em campo. Mas Simão melhorou com a entrada de Rui Costa e aproximou-se mais do habitual mas ainda aquém de todos os jogos que tem feito.
Miccoli - tanta esperança que tinha nele para este jogo e no início ainda demonstrou que estava com vontade de brilhar e me dar a alegria ao devolver com golos a esperança que lhe depositei para resolver este jogo. Mas o italiano não teve em dia sim e acaba por falhar oportunidades do qual costuma ser mortífero.
Nuno Gomes - Mais um jogo paupérrimo sem nenhum tipo de expressividade ou influência no demasiado tempo que deambulou pelo relvado.
Rui Costa - o maestro entrou e orquestou uma 2ª parte diferente para a sua equipa com uma circulação de bola muito mais rápida e precisa. Para quem esteve mais de um mês parado, fez uma óptima e influente exibição. A sua categoria e na maneira como transforma o futebol encarnado me são as minhas maiores esperanças para os restantes jogos.
Derlei - entrou bastante bem para o lugar do inexistente 21 e esteve mais participativo e criou mais perigo em menos tempo. Quase que conseguia fazer o 2-1.
Mantorras - a alegria das bancadas da Luz foi mais uma vez chamado para tentar resolver e quase que conseguiu. Tenho pena que não jogue mais, devido a um teimoso treinador que não aposta no angolano como ele merece e pela vontade que tem em campo. Se aquele cabeceamento entra....Mantorras nesta época de Páscoa seria também o Salvador.

Fernando Santos - tentou colocar a melhor equipa em campo e esteve bem nas escolhas que fez (já que não há alternativa a Anderson). .. Tem mérito em como consegue ao intervalo fazer rejuvenescer a equipa que tem dominado quase toda a gente no estádio da Luz, e principalmente por não ter perdido mais tempo em deixar Katsouranis em campo e apostar no Maestro. Podia ter era colocado Mantorras mais cedo. Apesar de tudo não posso criticar o treinador como em outras ocasiões, pois penso que ontem em termos tácticos esteve bem. O treinador não pode ser culpado do erro de Anderson no golo nem de alguma apatia de jogadores influentes na equipa durante o 1ª tempo. Penso que a resposta tinha que vir dos próprios. Se o treinador manda subir e o jogador fica, que pode ele mais fazer?
Estiveram cerca de 62500 espectadores na Luz, mas alguns mereciam mais estar num curral, demonstrando que não tem a minima qualidade para alguém os considerar cidadãos. Gostava de saber também quem foi o responsável na decisão de os colocar naquela posição no estádio. Quando vi as primeiras imagens do estádio tentei localiza-los no local habitual e só via adeptos do Benfica. Fiquei curioso por saber onde iriam ficar. Depois dos acontecimentos bárbaros da escória portista achei que podiam ter ficado ali mais para perto do Sete Rios, num ponto túristico habitual na capital da cidade destinado aos mais selvagens. Mas para meu espanto as imagens trouxeram-me algo que não queria acreditar. Adeptos no terceiro anel, com adeptos do Benfica em baixo. Logo previ que ia dar muito mau resultado e logo comentei que iriam com certeza atirar objectos cá para baixo onde adeptos dignos queriam apenas ver um jogo de futebol com crianças à mistura. Mais que previsivel. Cadeiras e petardos foram arremessadas e com passividade total dos stewards e da polícia que passou a maioria do tempo a observar cá de baixo sem fazer praticamente nada para impedir os actos selvagens dos Super Dragões.
Questiono, fosse a situação ao contrário, fossem adeptos das claques do Benfica no estádio do Dragão a comentar aqueles actos, teriam benefeciado da mesma impassividade. Independentemente de quem for, fossem até do meu clube, após aqueles actos de animais, que deixaram pelo menos cerca de 4 feridos e não sei quantos que abandonaram o estádio com medo e alguns mesmo com crianças a chorar ao colo dos pais, será que a expulsão dos selvagens não teria sido uma solução mais que justa?
Imagino o terror dos adeptos que apesar de tudo resistiram por baixo da bancada dos Super Bestas. Terá algum adepto naquele local estado atento a jogo ou preocupado com o que pudesse vir lá de cima?